sábado, 6 de outubro de 2012

Pombo gira Cigana da estrada

Contada por ela mesma, em verso e prosa:


 Sou filha do céu e da terra; irmã da água e do ar. Sou o fogo na floresta e a branca espuma do mar. Sou a loba; sou a selva; sou a carícia da relva; e a carroça atrelada. Sou a beira e o caminho; sou um pássaro sem ninho e do galho mais fraquinho, todos me escutam cantar! Sou a menina do dia e a amante louca da noite; sou o alívio e o açoite, e a carne esfacelada. Sou a abelha rainha, venha provar do meu mel, pois dentro do meu casulo, você estará no céu! Se quer que eu lhe deixe louco entre um beijo e uma dentada, me chame de tudo um pouco, mas meu nome é estrada. Na sombra, eu sou vaga-lume; na luz eu sou mariposa; sou o inseto que pousa e a lâmpada que é apagada. Nasci para passar o tempo e ficar um tempo parada, mesmo que a vida insista, em me deixar estafada, vou seguindo, sempre em frente, pois topo qualquer jogada, todos sabem que existo, pois meu nome é estrada. Realizo a caminhada; sem precisar me cansar; percorro vários caminhos; importante é caminhar. Estou aqui, ali e acolá; o que não posso é parar. Sou casada com o poder de sempre ser encontrada, aceito qualquer roteiro, me chamam de caminheiro, mas meu nome é estrada. Sou a primeira e a última, de todas as desgraçadas. Honrada ou desprezada; vil ou simplesmente sagrada; sou o som e o silêncio; sou o choro e a risada. Sou a eterna abundancia; pois sempre dou importância, para a semente lançada, num solo de doce fragrância, pois meu nome é estrada. Sou o Rei e a Rainha; sou o súdito e o reinado; sou a coroa e a forca, o algoz e o enforcado. Uso a máscara da vida, mas me confundem com a morte. Sou o azar e a sorte, e, aquela que foi dispensada. Sou a bandeira da paz mas me trocam pela guerra, na tirania da terra, me vejo desapontada, porém, quem me ama não erra, pois o meu nome é estrada. Saindo de um turbilhão; alçando a torre encantada; me vejo como uma estrela, de lua e sol enfeitada. Com certeza amanhã, estarei acompanhada, do Anjo que é puro élan, de uma mulher coroada. Sou a roca, sou o fio, sou tecelã afamada, na teia eu desafio quem faça a melhor laçada, pois entre a chama e o pavio, eu tramo a trama esperada, mesmo que seja apenas, por uma curta jornada. Me coloque em sua vida, como uma moça querida, que precisa ser amada; em troca posso lhe dar, o bem maior deste mundo numa bandeja dourada. Me traga no coração pra me deixar encantada. Não me esqueça e me honre com sua gentil chamada; grite bem alto o meu nome! Me chame, me chame, eu sou a sua " Cigana da Estrada ". ( Créditos ao blog Abassabara)

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